sábado, 27 de abril de 2013

INICIO DA MATA VIRGEM (continuação)

              Durante o periodo de espera, meus irmãos ficavam encarregados de desmontar a carreta para que a mesma pudesse ser carregada na canoa.  Papai e eu cavalgamos até a "Boca da Picada", o início do pique para cavalos que seguia até Águas do Prado.  Para nós, inexperientes, teria sido difícil permanecer no caminho certo, pois existiam muitos desvios que possivelmente levavam a moradias solitárias nos vales da redondeza.  O nosso acompanhante, o velho Gaudêncio contou-nos que ele havia fugido de Palmeira por causa da revolução dos últimos anos e que ele se estabelecera perto do Uruguai.
      Já era quase noite quando passamos por Prado.  A vertente térmica já fora descoberta há alguns anos e lá havia uma canoa velha que servia como banheira, escondida pela capoeira que protegia os eventuais banhistas de olhares curiosos.  Em volta havia um imenso lamaçal, somente sendo possivel chegar até a vertente com os pés descalços.
      Pouco depois do Prado avistamos pela primeira vez o imponente Rio Uruguai, e hoje ainda recordo a sensação de tensão que senti ao pensar naquilo que nos aguardava no outro lado do rio, onde podíamos contemplar uma imensa selva escura que amendrontava.
      Pernoitamos no rancho de Gaudêncio, juntos numa tarimpa estreita. apenas recordo-me que passamos muito frio nesta primeira noite às margens do Uruguai.   (continuação segue)

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