quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A INVESTIDA DE LEONEL ROCHA

                  ( continuação fundação de Porto Feliz,  Arno Koelln Mondaí)
     Novamente o Estado do Rio Grande do Sul via-se envolvido em agitações. Corria o boato de que Antonio Tropeiro estaria se aproximando com sua tropa de "maragatos."  Falava-se, também, de Mário Mello, a seguir de João do Prado que, partindo do rio Guarita, vinha na direção da Colônia.  Nada, porém, aconteceu.  Os homens do pelotão de Auto-Defesa encarregados de guarnecer as estradas de acessoi por várias semanas, finalmente puderam retornar aos seus lares.
     Numa bela manhã de domingo, mais precisamente no dia 7 de novembro de 1926, quando deveria ser realizadas as eleições, os moradores viram, para surpresa geral, sua cidade sitiada por oitenta a cem "vermelhos".  As pessoas mais influentes foram presas no escritório da Empresa onde, sob ameaça de serem degolados, seriam forçadas a dar ajuda financeira para a revolução, já tida como vitoriosa.
     Leonel Rocha, procedente do Rio Grande do Sul, invadira a Colônia da Sociedade União Popular de Porto Novo, de onde sua infantaria levara cavalgaduras e armas de fogo dos colonos.  Ao se dirigirem para Porto Feliz, encontraram na casa do agrimensor Ernesto Mayntzusen, situadas nas margens do Rio Ma cuco, o sócio da Empresa Hermann Flad, levando-o como refém.  Ia na frente da tropa no lombo de uma pequena mula que quase não suportava o peso deste homem grande e corpulento.  Em breve soube-se que Leonel conseguira assaltar Porto Feliz de surpresa com a ajuda de alguns espiões e agentes entre os trabalhadores na agrimensura.
      Alguns maragatos alojaram-se junto à praça, onde carnearam a vaca que fora destinada para o tradicional churrasco de após-eleição.  O restante andou revistando a Colônia àprocura de cavalgaduras, armas e utensílios de proveito.  Nesse ínterim os homens da Auto-Defesa compinaram um ataque ao acampamento de Leonel com granadas de mão fabricadas há poucos dias na funilaria de Hermann Goetz.
      Antes, porém, que isso fosse possivel, Leonel se retirara ao anoitecer em direção à Barracão.  Levara consigo dois reféns, o ferreiro Oscar Haag e o colono Kurt Klöpsch que, ao mínimo movimento suspeito por parte dos homens da Auto-Defesa, deveriam ser fuzilados.  Os dois conseguiram, contudo, dominar os seus vigias e retornar aos lares.  Alguns dias mais tarde Porto Feliz era ocupada por tropas do Governo, procedentes do Rio Grande do Sul.   Vieram, pela recém construída estrada do Prado, o 3o. Corpo Provisório e o 2o. Batalhão de Infantaria sob o comando do coronel Cândido Pinheiro de Barcelos; de Chapecó, por via fluvial e por terra,o Batalhão Bormann, chefiado pelo superintendente José Rupp.
             (continuação segue)

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